O distanciamento real da 3ª Dinastia - História de Almeirim (12)


Filipe II, depois da vitória da batalha de Alcântara, apressa-se na reunião de Cortes para a sua aclamação como rei de Portugal.
Nomeia entretanto, Filipe Terzi e Juan Herrera como arquitectos das obras do Paço de Almeirim, com o objectivo de aqui se poder instalar. Estes porém não conseguem obter as plantas do Paço, numa demonstração inequívoca de boicote, à instalação de Filipe em Almeirim.

D. António Prior do Crato, tinha partido para Inglaterra e preparava novas investidas na sua luta pelos direitos ao trono português, agora com o apoio da rainha britânica Isabel I e também com a simpatia da rainha de França Catarina de Medicis.
O povo mantinha-se fiel a D. António e havia expectativa quanto à sua acção.
Almeirim mantinha o estatuto de Vila real e centro da acção politica portuguesa. Mas os que aqui permaneciam eram os fiéis aos candidatos ao trono portugueses, ou seja a Catarina de Bragança ou a D. António de Portugal (Prior do Crato).

Filipe nunca ousou enfrentar esse “Espírito de Almeirim”, preferindo sempre a técnica dos favorecimentos e do suborno.

Filipe resolve então convocar as Cortes para Tomar, em 1581, onde obtivera o apoio da Ordem de Cristo, a mais importante organização religiosa-militar de todo o país.
São avultados os investimentos feitos no Convento de Cristo, para receber as Cortes e o novo rei.
Muito ouro vindo da América, gastou Filipe para conseguir ser Rei de Portugal. Também o imponente exército espanhol comandado pelo Duque de Alba, mantinha-se em Portugal, como garantia de intimidação às resistências nacionalistas.
Depois da sua aclamação nas Cortes de Tomar, Filipe segue para Lisboa, onde permanece e lança a ideia de que reinará a partir da cidade portuguesa.

O novo Rei, também não regateou despesas para a conservação e restauros no Paço de Almeirim. Mas nunca chegou a permanecer nele e o mais perto que esteve, foi já no ano de 1582, quando se encontrou com a sua irmã D. Maria viúva do Imperador da Áustria, Maximilano I, no Convento da Serra.
Não deixa de ser surpreendente este facto do encontro ter decorrido naquele lugar e não no Paço de Almeirim, onde muito provavelmente a Imperatriz D. Maria, teria estado instalada. A justificação estará certamente na relutância de Filipe, em enfrentar os seus opositores, que permaneciam em Almeirim.

Também foi no ano de 1582, que se procedeu à transladação dos restos mortais de D. Sebastião, precisamente do Convento da Serra, para os Jerónimos em Lisboa.
Este facto, teve como principal objectivo, desmistificar a crença de que D. Sebastião não teria morrido e terminar com a sequência de falsos párias, que foram surgindo querendo-se fazer passar pelo jovem rei morto em terras do norte de África.

As promessas de Filipe I, de fazer de Lisboa a sede do seu Reino, também a de manter a autonomia portuguesa, na governação nacional e dos territórios de além-mar, foram progressivamente entrando no esquecimento.
Seu filho Filipe II ainda demonstra alguma preocupação quanto ao Paço de Almeirim ao atribuir-lhe verbas suficientes para a sua recuperação. Mas apesar de ter estado em visita à região no ano de 1619, não há notícia de em Almeirim ter estado.

Os Nobres que permaneceram em Almeirim, nomeadamente os partidários de Catarina de Bragança e todo o povo, mantiveram o ideal nacionalista, durante todo o período de governação dos Filipes.
A terceira dinastia marcou assim um distanciamento da Vila Real, não por alheamento ou desinteresse dos governantes, simplesmente por diplomacia ou habilidade política.

Esse período marca também os primeiros destacamentos da Coutada Real ( reinado de Filipe II) e os primeiros aforamentos ( Foral Velho) na zona da estrada da Santinha ( estrada de Coruche) e ainda o descoutamento de todos os terrenos de aluvião da Vala Velha.

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