Centro de Interpretação da História de Almeirim


O modelo moderno de “Centro de Interpretação”, está particularmente indicado para a identificação da história de um local, quando não é possível a recuperação física do património.
É um modelo muito interessante e perfeitamente adaptado a Almeirim, onde não é possível já a identificação do seu importante papel na história de Portugal, através de uma referência física real.
Um Centro de Interpretação associa a tecnologia, ao rigor do conhecimento histórico e produz através de fórmulas muito atractivas e de meios de divulgação modernos, permitindo apresentações públicas de muito fácil assimilação e com uma abrangente receptividade.
Um Centro de Interpretação pode ser um projecto público, mas terá toda a vantagem se for um projecto da sociedade civil, pois assim será mais mobilizador das motivações individuais, empresarias e institucionais.
Um Centro de Interpretação é simultaneamente um espaço de investigação permanente, que mobiliza, académicos e a sociedade local.
Um Centro de Interpretação é um projecto evolutivo, que parte de um embrião base e progride através da sua dinâmica própria, que vai motivando apoios individuais, institucionais e empresarias.
Um Centro de interpretação é um projecto turístico e simultaneamente fomentador da identidade e do orgulho local.
Um Centro de Interpretação não é um espaço museológico estático, mas integra elementos museológicos apresentados sempre de uma forma inovadora, rigorosa, sequencial e dinâmica.
Um Centro de Interpretação é um espaço vocacionado para a formação em artes e ofícios tradicionais e para a recuperação de técnicas, de materiais, de utensílios do passado local. É um espaço permanentemente vivido quer pela sociedade e suas organizações, quer pelo público que o visita.
É também um espaço de permanente de motivação e divulgação da criatividade humana e artística local.
Um Centro de Interpretação é um espaço activo no encontro de sinergias locais inter-profissionais, inter-institucionais e promove e participa em acções indutoras da identidade local.
Um Centro de Interpretação é por excelência um local de estudo, de divulgação e diálogo de todas as matérias da história social local.

Um Centro de Interpretação da História de Almeirim, deveria incluir dois núcleos de divulgação pública distintos, representativos das suas duas épocas de evolução no passado.
Sendo que a segunda época evolutiva está intimamente ligada à cultura da vinha e ao fabrico do vinho e aguardente, o segundo núcleo deveria ser integrado no projecto previsto para as instalações da Junta Nacional do Vinho.

A viabilidade da Cedência do Património



Algumas pessoas têm-se mostrado muito incrédulas quanto ao facto do Estado poder vir a abdicar do direito patrimonial sobre o Edifício da Junta Nacional do Vinho, cedendo-o à população, ou à Câmara Municipal.
Algumas pessoas disseram-me até que isso será uma utopia.
Afirmam que o Estado nunca abdicará desse património.
Normalmente não argumento muito e dou apenas o exemplo de um caso recente, precisamente em Almeirim em que isso aconteceu.
Foi no tempo em que eu era Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal-CAP, que o Estado cedeu as instalações da herdade dos Gagos, para a CAP aí instalar o seu primeiro Centro de Formação Profissional.
Muitos outros exemplos se poderiam dar, de muitos outros casos espalhados por todo o País.
As instalações da herdade dos Gagos, pertenciam à extinta Junta de Colonização Interna que foi um Serviço da Administração Pública e por consequência o direito de propriedade era indiscutivelmente do Estado Português.
O Edifício da Junta Nacional do Vinho, foi construído e reconhecido como património da Vinicultura. Uma placa identificadora deste reconhecimento do Estado português ainda está lá colocada e bem visível.
Mas não será preciso evocar a questão jurídica num processo reivindicativo desse património.
Há toda uma tradição do Estado português na cedência de património para “ objectivos sociais ou culturais “ determinantes.
Não prevejo assim difícil uma negociação sobre esta questão, se houver uma manifesta vontade da população de Almeirim e das suas Instituições representativas.
Tudo é uma questão de haver ou não essa vontade colectiva. Se essa vontade for indiscutível e bem expressa documental e publicamente, se as Instituições assumirem claramente essa vontade e responsabilidade, não vejo porque razão esta questão possa ser mais difícil que a cedência da herdade dos Gagos.
Vejo sim que pode ser bem mais útil social e culturalmente, sem com isto querer menosprezar a importante acção do Centro Formação Profissional de Almeirim.
Tudo é uma questão de vontade colectiva e este é o desafio.