Garcia de Resende narra em verso, no livro «Miscelânea»…
” Grutas, buracos fazia / A Terra se abriu / Água e areia saía / Que enxofre fedia / Isto em Almeirim se viu ”
É uma narração do terramoto de 1531, que atingiu a região de Santarém e Almeirim.
Há notícias de muitas vítimas e de grandes estragos.
O Paço Real é fortemente afectado e sofre graves destruições, que prontamente o rei manda repor fazendo-se as obras necessárias para continuar a ser residência da Corte.
Mas o mais grave acidente histórico que aconteceu em Almeirim, foi a morte do príncipe herdeiro D. João, em 1544, que muitos autores afirmam que foi devido a queda de cavalo, mas que aparece na Cronologia de Almeirim como sendo devida a diabetes.
O Príncipe D. João, tinha-se casado com Joana de Áustria, irmã de Carlos V.
Morre sem nunca ter conhecido seu filho, D. Sebastião.
D. João III, morre no ano de 1557. Tinha o seu neto, D. Sebastião, apenas três anos de idade.
É nomeada regente do Reino, primeiro sua viúva Dona Catarina e posteriormente seu irmão o Cardeal D. Henrique.
Este foi um período conturbado em que se disputavam dois partidos, de muitos nobres e do povo, que pretendiam que a Regência fosse de D. Catarina, outro partido onde dominava a força dos Jesuítas, que defendia que fosse Regente, o Cardeal D. Henrique.
Todas estas lutas palacianas, decorreram em Lisboa, portanto fora de Almeirim.
A inépcia do Cardeal e sobretudo a sua dependência para com os Jesuítas, originaram dois factos que se iriam revelar particularmente importantes na evolução dos acontecimentos futuros.
O primeiro, foi a decisão de entregar a educação de D. Sebastião aos Jesuítas e em particular ao Padre Luís Gonçalo da Câmara.
Isto veio a ter uma influência muito intensa na mentalidade do futuro Rei.
Este foi consolidando, uma tendência psicológica para extremismos, que eram expressos em duas dicotomias de expressão de personalidade, ora de excessos e radicalismo religioso, ora de protagonismo de herói missionário.
D. Sebastião foi educado, como sendo um homem que tinha uma missão a desempenhar ao serviço de Deus e num quadro de uma época de grande fanatismo religioso.
O segundo, foi a decisão das Cortes de dar a maioridade a D. Sebastião quando este tinha apenas 14 anos de idade, que foi a forma encontrada de retirar o poder ao Cardeal, que cada vez se apresentava mais dependente da ordem Jesuíta.
De tudo isto resultou a aclamação do jovem Rei D. Sebastião, que pela sua educação revelou imediatamente uma personalidade forte, não querendo ser influenciado e muito menos dominado por nenhum grupo ou partido.
Para evitar as lutas de intriga lisboetas, escolhe Almeirim para instalar a sua Corte. Trás inclusivamente os Tribunais.
Almeirim era agora, a verdadeira capital do Reino.
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