Um pequeno desafio

A questão da legítima reivindicação pela população de Almeirim, do património da antiga Junta Nacional do Vinho, não esgota a mensagem que este blogue pretende dar.
O Desafio de Almeirim, tal como o quero enunciar, vai muito para além dessa temática.
A reivindicação daquele património, é apenas uma tentativa de não deixar perder uma oportunidade, que tal como dissemos poderia originar um elo de consciência da população almeirinense e a sua motivação colectiva.
Ninguém contesta que Almeirim é uma terra simpática, até agradável para se viver, mas está completamente descaracterizada.
A descaracterização de Almeirim é uma questão fulcral, que condicionará toda a evolução futura da nossa cidade.
Não pretendo e até recusarei, participar em qualquer polémica à volta desta evidência.
Falarei com aqueles e para aqueles, que se preocupam com este problema grave.
A descaracterização de Almeirim, tem uma origem cultural, ou seja resulta de um deficit de conhecimento histórico, social, e do desenraizamento da sua elite social e política recente.
Nada disto deve ser considerado como ofensivo para com alguém e se o for para alguém, não é certamente para aqueles que se têm empenhado e trabalhado, por quem tenho muito respeito, talvez para aqueles que mais privilegiados, não se disponibilizaram, para o trabalho colectivo.
A descaracterização de Almeirim é um problema, mas não é uma inevitabilidade que não possa ser revertida. Ou seja há muitas formas modernas para inverter esse caminho e para identificar, divulgar e valorizar as suas importantes distinções.
Até coisas simples, úteis e baratas poderiam iniciar esta recuperação.
Alguns passos positivos se deram já neste caminho…as novas rotundas onde foram colocados a Vinha e o Aranhol.
Mas muito mais ideias deste tipo, poderiam originar o reforço dos sentimentos de orgulho local e uma mais útil consciência colectiva.
Os portões de ferro ou de madeira dos pátios das Adegas e das Caldeiras de Destilação, as janelas de gradeamento tão típicas, poderiam ser elementos de referência colectiva, se integrados na arquitectura paisagística dos parques públicos de Almeirim.
Imagine-se só como tudo seria diferente na consciência colectiva, se um pórtico do Paço Real tivesse restado e se ainda hoje o pudéssemos observar.
Dentro de muito pouco tempo já não existirão os bonitos portões, nem as tais janelas e então ninguém nunca mais recordará, coisas bonitas de Almeirim. Tão pouco haverá curiosidade humana para as vivências de outras épocas.
Reconheço que há qualidade, imaginação e sensibilidade no domínio da arquitectura paisagística de Almeirim. Decorre desta apreciação, esta primeira proposta e este primeiro desafio, pois é dirigido a pessoas, que estou convencido, entendem a mensagem.
Integrar nos espaços vividos, elementos de referência de outras épocas identificados, se for feito com bom gosto e objectivos didácticos, só pode beneficiar a sua vivência e reforçará certamente os nossos sentimentos, a nossa capacidade de entendimento e também a nossa capacidade crítica. Tudo premissas essênciais do desenvolvimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário