História de Almeirim (1)


Entendi que este espaço, também poderia servir para a divulgação da minha visão sobre a história de Almeirim.
A história de Almeirim não é conhecida nem valorizada e isso constitui uma enorme limitação numa perspectiva do seu próprio desenvolvimento.
Por isso aí vai o meu contributo…de todas as semanas publicar um texto sobre o meu conhecimento sobre a história da minha terra, onde vivo e onde sempre vivi.

Neste lugar já se tinham fixado populações, desde a pré história e há vestígios e notícias da presença humana desses tempos, também da época lusitânica, romana, visigótica e árabe. Mas a consolidação da história moderna de Almeirim, enquanto cidade, começa com a Coutada Real e a construção do Paço, ou seja, a partir do ano de 1411.

Tão importante decisão deve-se ao Rei que o povo escolheu, D. João I.

É muito frequente a classificação do Paço de Almeirim, como “lugar de refúgio da Corte” ou como “a Sintra de Inverno”, o que sempre me incomodou, pois estas definições são redutoras relativamente à verdadeira importância que Almeirim teve na história de Portugal.
São adjectivações decorrentes de análises superficiais e muito simplificadas da história de Portugal e originam interpretações que desprezam o verdadeiro significado dos factos históricos de grande relevo, pois Almeirim foi efectivamente a capital do Reino.

Tudo começou através de uma preocupação que dominava o espírito do novo Rei de Portugal, D. João I.
É sabido que este Rei teve por largas temporadas a sua Corte instalada em Santarém.
Santarém tinha um enorme Paço Real, que tinha sido mandado construir pelo Rei D. Fernando I, que assim transferira a residência real da Alcáçova para o centro da Vila. Esse Paço, que hoje e após algumas intervenções e alterações, é designado por Seminário e é sede episcopal.
Nessa época a base alimentar portuguesa era o pão, a caça e a pesca. Daí a grande preocupação do Rei com a caça, não como uma actividade de lazer como nos nossos dias é interpretada e vivida, mas como uma actividade determinante para produzir um bem essencial.
A decisão de D. João I de criar em Almeirim uma Coutada Real, não visava o lazer da corte e dos fidalgos, mas objectivos muito mais nobres e muito mais importantes.
D. João I, apreciou a charneca como grande espaço de produção de caça e decretou a sua marcação.
Mas D. João I, não se satisfez apenas com a delimitação desse espaço de produção, ele quis deixar uma marca mais consolidada e entendeu escrever um Tratado de Caça.
Com esse Tratado ele pretendia enaltecer a actividade de caçar, como uma actividade de grande importância para a alimentação racional do povo e promovê-la divulgando as técnicas mais objectivas e mais apropriadas, para cada espécie cinegética.

Foi nessa sua nova Coutada, em Almeirim que se iniciou toda uma, observação, investigação e experimentação, que o habilitou a escrever esse Tratado.
O Tratado "Montaria" é o primeiro livro editado na Idade Média, por um Rei.

Para ir de Santarém a Almeirim havia que cavalgar durante horas e perder muito tempo com a travessia do Tejo em barcaças.
Foi por isso que tomou a decisão de construir em Almeirim um lugar de pernoita e de trabalho.
Nasceu assim o Paço de Almeirim, que não teve motivações lúdicas, mas sim preocupações sérias, baseadas no interesse real pelos portugueses e para com a Nação.

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