Centro mundano. História de Almeirim (6)

A Carta Privilégio aos habitantes de Almeirim de D. João II e a morte do Príncipe Afonso de Portugal, vieram a ter influência decisiva para a preferência dos reis pelo Paço de Almeirim.
Agora já não somente como uma habitação temporária dos Reis, de sua família e séquito, mas como lugar onde permanecia por largas temporadas, toda a Corte.

Esta nova apetência dos reis, para com Almeirim, veio naturalmente a ter como consequência lógica e imediata, uma nova dinâmica de desenvolvimento.
Por isso é no reinado de D. Manuel, que se regista o início da construção da Igreja de S. João Baptista (Igreja Matriz), no ano de 1500. Ainda alguns foros e cedências para instalação dos servidores dos nobres e também para a sua própria instalação num lugar de preferência real. Ainda a construção do Paço da Ribeira de Muge ( Paço dos Negros) e a Capela do Convento da Serra, e aí posteriormente a instalação dos frades dominicanos, através da bula papal de 1514.

Almeirim transformava-se assim num lugar privilegiado, onde a Corte permanecia por largas temporadas e simultaneamente o centro da decisão politica, das intrigas palacianas e da expressão cultural da época.
O Paço de Almeirim teve também importantes obras para poder assumir este novo protagonismo nacional.

Quando a peste se tornou uma tragédia em Lisboa, no ano de 1505, D. Manuel I transfere toda a Corte para Almeirim e aqui se instala.
Inicia-se então uma época áurea do Paço de Almeirim, narrada em verso por Garcia de Resende.
O “Cancioneiro Geral” é impresso nos Paços de Almeirim sob a coordenação do seu autor, no ano de 1516.
Numa época de grande afirmação portuguesa como país dominante e construtor de um Império, Almeirim foi assim a mais importante sede das decisões e palco dos benefícios.
Nessa época a Corte era faustosa e D. Manuel I não regateava despesas.
Era uma forma de afirmação e de demonstração do seu poder e também das suas aspirações.
O sonho de um Império que se concretizava e também de domínio português de um reino ibérico unificado. D. Manuel I prosseguiu sempre este desígnio, que por um lado garantia a paz, mas por outro também permitia a continuidade do sonho de um reino integrado, em que o Rei seria português.
Seu filho primogénito, D. Miguel da Paz, obteve esse estatuto, pois logo à nascença foi designado como Príncipe das Astúrias e presumptivo herdeiro das três coroas. Morreu com dois anos de idade em Granada, mas D. Manuel prosseguiu essa sua politica casando em segundas núpcias com a cunhada, Maria de Aragão e em terceiras núpcias com Leonor de Áustria, respectivamente filha e neta dos Reis Católicos.
Curiosamente esta politica de D. Manuel veio a originar as primeiras manifestações de nacionalismo, nas Cortes de Lisboa de 1498, 1499 e 1502 , pois muitos temiam que esta exclusiva ligação das duas casas reais, pudesse ocasionar o reverso da medalha, ou seja o domínio da Espanha unificada, sobre a soberania nacional.

Almeirim, já não não era apenas um simples lugar de estadia temporária da Corte portuguesa, era um digno e importante centro da política mundial a época.
Para aqui se deslocavam os representantes das mais representativas casas reais europeias, das religiosas autoridades e os nobres portugueses tinham de aqui ter lugar de permanência.
A vida social era intensa, os saraus, as festas, as toiradas e caçadas sucediam-se.
Almeirim era um dos mais importantes centros, da vida politica e mundana da época.

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