I Infante D. Miguel era o mais rico homem de Portugal. Depois do assassínio de seu pai o Rei D. João VI, foi Regente e mais tarde aclamado Rei de Portugal. Ele é aclamado Rei em Almeirim em 1828, na presença do Juíz José Casimiro Salgado e com o apoio popular. Acusaram-no então os liberais de usurpador do trono e gerou-se uma gravíssima crise, que veio a originar uma guerra civil, que só veio a terminar com a convenção de Évora Monte em 1834 e o exílio de D. Miguel.
Durante esta guerra civil são narrados em 1833, levantamentos liberais em Almeirim quando as tropas do Rei, estavam sediadas em Santarém. Após a tomada de Santarém a 18 de Maio de 1834, as tropas liberais atravessam o Tejo e entram em Almeirim, onde há notícias de saqueamento do Paço, descrito por alguns historiadores, que confirmam assim que nessa época ainda existia o edifício, ou pelo menos uma parte dele . Em Almeirim acontece então o Auto de Aclamação da rainha D. Maria II e do Regime Constitucional. É na sequência desta aclamação, que é nomeado o Dr. João César Henriques como primeiro presidente liberal da Câmara de Almeirim.
É também na sequência da vitória liberal e imediatamente após a convenção de Évora Monte , que se extinguem as Ordens Religiosas e se nacionalizam todos os seus bens. Esta medida irá ter uma enorme influência para a evolução futura de Almeirim. Dessa evolução e dos seus principais agentes e protagonistas, trataremos nos próximos capítulos.
Agora realcemos a particular importância de um legado de D. Miguel I, para Almeirim, para o Ribatejo e para Portugal.
D. Miguel tem um papel determinante na restauração das Corridas de toiros em Portugal e também como iniciador de uma nova forma de seleccionar e criar toiros bravos. É a ele que se deve toda a moderna evolução tauromáquica nacional, que nos distingue de Espanha e que origina o mais popular dos espectáculos nacionais até meados do século XX.
Desde que o Marquês do Pombal decretara o fim das Corridas Reais, em sequência da morte do Conde de Arcos numa corrida em Salvaterra de Magos, a Tauromaquia tinha entrado em estado latente de expressão, pela não participação dos nobres nos festejos tauromáquicos. Havia em Lisboa a Praça de Salitre e continuou a haver muitos festejos tauromáquicos locais, mas sem ordem nem rigor, que os transformava mais em “largadas de toiros”, do que em espectáculos de natureza artística. Foi D. Miguel que tudo mudou.
D. Miguel, ele próprio cavaleiro toureiro, recebeu de oferta de seu tio Fernando VII, rei de Espanha, uma vacada e cria a primeira ganadaria portuguesa, com características adaptadas à evolução do toureio moderno. Essa ganadaria que instala em terras do Infantado, na zona de Samora Correia, chegou a ser a maior ganadaria de toda a Península com mais de 5.000 reses. Esta ganadaria é a origem de muitas outras, que posteriormente surgirão, através da aquisição de “pontas de vacas” e de sementais, dos Lavradores ganadeiros que se irão instalar nos campos do Ribatejo.
D. Miguel manda construir a Praça de Toiros do Campo de Santana e é essa praça que irá assumir o protagonismo do relançamento dos espectáculos tauromáquicos e da afirmação do toureio equestre português. O êxito dinamizador da Praça do Campo de Santana foi tão importante, que origina que por todo o país, de Norte a Sul, centenas de novas praças de toiros sejam construídas para ver actuar as figuras do Conde do Vimioso, do Marquês de Vilar Maior, de Carlos Relvas e a nova ordem que incluía já os Forcados, pegando os toiros como culminar das lides.
Muitas foram as estadias em Almeirim de D. Miguel, que sempre motivavam organização de touradas, quer na Alorna, na Goucharia e mesmo nos largos da Vila. Esta semente de aficionados que D. Miguel recriou em Almeirim, terá como consequência o estabelecimento de muitos criadores de toiros no Concelho, o surgimento muitos e destacados almeirinenses toureiros, de que ainda há sucessores de grande destaque nacional, nesta primeira década do século XXI. Será a razão que motivou a existência das mais de nove praças, que estão identificadas como tendo existido em Almeirim, como resultado natural da popularidade que a tauromaquia aqui sempre teve, pois Almeirim foi efectivamente em termos históricos o “berço” da tauromaquia portuguesa.
O Infantado foi nacionalizado e todo o seu vasto património fundiário irá ser vendido em hasta pública. Da venda pública deste património e também do das Ordens Religiosas, irá surgir uma nova classe social determinante para a dinâmica nova que surgirá através deles, os Lavradores do Ribatejo.
Durante esta guerra civil são narrados em 1833, levantamentos liberais em Almeirim quando as tropas do Rei, estavam sediadas em Santarém. Após a tomada de Santarém a 18 de Maio de 1834, as tropas liberais atravessam o Tejo e entram em Almeirim, onde há notícias de saqueamento do Paço, descrito por alguns historiadores, que confirmam assim que nessa época ainda existia o edifício, ou pelo menos uma parte dele . Em Almeirim acontece então o Auto de Aclamação da rainha D. Maria II e do Regime Constitucional. É na sequência desta aclamação, que é nomeado o Dr. João César Henriques como primeiro presidente liberal da Câmara de Almeirim.
É também na sequência da vitória liberal e imediatamente após a convenção de Évora Monte , que se extinguem as Ordens Religiosas e se nacionalizam todos os seus bens. Esta medida irá ter uma enorme influência para a evolução futura de Almeirim. Dessa evolução e dos seus principais agentes e protagonistas, trataremos nos próximos capítulos.
Agora realcemos a particular importância de um legado de D. Miguel I, para Almeirim, para o Ribatejo e para Portugal.
D. Miguel tem um papel determinante na restauração das Corridas de toiros em Portugal e também como iniciador de uma nova forma de seleccionar e criar toiros bravos. É a ele que se deve toda a moderna evolução tauromáquica nacional, que nos distingue de Espanha e que origina o mais popular dos espectáculos nacionais até meados do século XX.
Desde que o Marquês do Pombal decretara o fim das Corridas Reais, em sequência da morte do Conde de Arcos numa corrida em Salvaterra de Magos, a Tauromaquia tinha entrado em estado latente de expressão, pela não participação dos nobres nos festejos tauromáquicos. Havia em Lisboa a Praça de Salitre e continuou a haver muitos festejos tauromáquicos locais, mas sem ordem nem rigor, que os transformava mais em “largadas de toiros”, do que em espectáculos de natureza artística. Foi D. Miguel que tudo mudou.
D. Miguel, ele próprio cavaleiro toureiro, recebeu de oferta de seu tio Fernando VII, rei de Espanha, uma vacada e cria a primeira ganadaria portuguesa, com características adaptadas à evolução do toureio moderno. Essa ganadaria que instala em terras do Infantado, na zona de Samora Correia, chegou a ser a maior ganadaria de toda a Península com mais de 5.000 reses. Esta ganadaria é a origem de muitas outras, que posteriormente surgirão, através da aquisição de “pontas de vacas” e de sementais, dos Lavradores ganadeiros que se irão instalar nos campos do Ribatejo.
D. Miguel manda construir a Praça de Toiros do Campo de Santana e é essa praça que irá assumir o protagonismo do relançamento dos espectáculos tauromáquicos e da afirmação do toureio equestre português. O êxito dinamizador da Praça do Campo de Santana foi tão importante, que origina que por todo o país, de Norte a Sul, centenas de novas praças de toiros sejam construídas para ver actuar as figuras do Conde do Vimioso, do Marquês de Vilar Maior, de Carlos Relvas e a nova ordem que incluía já os Forcados, pegando os toiros como culminar das lides.
Muitas foram as estadias em Almeirim de D. Miguel, que sempre motivavam organização de touradas, quer na Alorna, na Goucharia e mesmo nos largos da Vila. Esta semente de aficionados que D. Miguel recriou em Almeirim, terá como consequência o estabelecimento de muitos criadores de toiros no Concelho, o surgimento muitos e destacados almeirinenses toureiros, de que ainda há sucessores de grande destaque nacional, nesta primeira década do século XXI. Será a razão que motivou a existência das mais de nove praças, que estão identificadas como tendo existido em Almeirim, como resultado natural da popularidade que a tauromaquia aqui sempre teve, pois Almeirim foi efectivamente em termos históricos o “berço” da tauromaquia portuguesa.
O Infantado foi nacionalizado e todo o seu vasto património fundiário irá ser vendido em hasta pública. Da venda pública deste património e também do das Ordens Religiosas, irá surgir uma nova classe social determinante para a dinâmica nova que surgirá através deles, os Lavradores do Ribatejo.
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