História de Almeirim (2)


Com a construção do Paço Real, Almeirim passou assim a ser um lugar onde D. João I, podia facilmente equilibrar a sua função de governante, com a sua determinação, pela arte de caçar. Há documentos da Chancelaria de D. João I, datados de 1423 e com a referência expressa a Almeirim, que comprovam este facto.
O exemplo do rei foi seguido por muitos outros fidalgos e as Coutadas alastraram por todo Portugal. O país ficou melhor servido pois as Coutadas produziam alimento apreciado e desejado. A caça começa a aparecer nas feiras e passa a bem comercial.
As coutadas eram já reservas silvo-cinegéticas, ou seja elas eram, um eco sistema natural que incluía a cinegética, a pastorícia das espécies selvagens e a floresta. Esta floresta, destas reservas foi determinante para a construção naval da frota portuguesa e por isso de particular relevo na expansão marítima. Existe documentação em que o Infante D. Henrique pede autorização real, para o corte de árvores nas coutadas da Vila de Santarém ou seja na coutada de Almeirim.

Mas ainda um outro aspecto, é digno de uma nota particularmente significativa.
O Rei de Portugal, escreveu um livro no início do século XV.
Nenhum outro Rei de qualquer outro país da Europa o tinha feito. O livro de D. João I, é o primeiro livro escrito por um Rei.
Esta circunstância faz toda a diferença.
Enquanto na generalidade dos outros países ainda de vivia em plena Idade Média, em que os Reis e também os Senhores Feudais eram iletrados, o Rei português fazia questão dar o exemplo e mostrar a todo o povo a sua distinção e a vantagem de saber ler e escrever.
Assim o livro de D. João I, não é um simples evoluído tratado de caça é uma mensagem de cultura e uma prova para a posteridade de uma mentalidade bem mais avançada, que a que persistia na Europa.
É com esta mensagem real, que Portugal avança para o conhecimento, de que seus filhos são herdeiros, iniciando o caminho da concretização de um Império e de pioneiros da globalização mundial.
Portugal é o primeiro país da Europa a ter um governo centralizado, ou seja, foi o país que primeiro acabou com a forma de organização política e social, tão limitadora da criatividade humana, chamada Idade Média.
Isso se deve também a D. João I e ao seu exemplo de homem de cultura muito acima dos parâmetros da época. Deve-se também muito naturalmente a sua mulher D. Filipa de Lencastre, e à forma como foram educados seus filhos, a Ínclica Geração.
Almeirim, foi o lugar privilegiado pela nova mentalidade da nova família real, para dar expressão a este caminho, tão determinante para a história do mundo.

A Coutada Real de Almeirim, permitiu a mensagem cultural mais importante dos primeiros anos do século XV e vai também permitir que D. Duarte, que foi cognominado justamente como o Eloquente, prossiga e aprofunde essa mensagem, transformando a arte de caçar, num verdadeiro instrumento de formação de fidalgos e de exercício e treino militar.
Forneceu também inequivocamente a madeira, para a construção naval da frota portuguesa do início da expansão marítima. Ou seja, a Coutada de Almeirim, foi também um importante local de produção de uma matéria prima essencial para o inicio da politica expansionista portuguesa.

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