A Carta Privilégio aos habitantes de Almeirim de D. João II e a morte do Príncipe Afonso de Portugal, vieram a ter influência decisiva para a preferência dos reis pelo Paço de Almeirim.
Agora já não somente como uma habitação temporária dos Reis, de sua família e séquito, mas como lugar onde permanecia por largas temporadas, toda a Corte.
Esta nova apetência dos reis, para com Almeirim, veio naturalmente a ter como consequência lógica e imediata, uma nova dinâmica de desenvolvimento.
Por isso é no reinado de D. Manuel, que se regista o início da construção da Igreja de S. João Baptista (Igreja Matriz), no ano de 1500. Ainda alguns foros e cedências para instalação dos servidores dos nobres e também para a sua própria instalação num lugar de preferência real. Ainda a construção do Paço da Ribeira de Muge ( Paço dos Negros) e a Capela do Convento da Serra, e aí posteriormente a instalação dos frades dominicanos, através da bula papal de 1514.
Almeirim transformava-se assim num lugar privilegiado, onde a Corte permanecia por largas temporadas e simultaneamente o centro da decisão politica, das intrigas palacianas e da expressão cultural da época.
O Paço de Almeirim teve também importantes obras para poder assumir este novo protagonismo nacional.
Quando a peste se tornou uma tragédia em Lisboa, no ano de 1505, D. Manuel I transfere toda a Corte para Almeirim e aqui se instala.
Inicia-se então uma época áurea do Paço de Almeirim, narrada em verso por Garcia de Resende.
O “Cancioneiro Geral” é impresso nos Paços de Almeirim sob a coordenação do seu autor, no ano de 1516.
Numa época de grande afirmação portuguesa como país dominante e construtor de um Império, Almeirim foi assim a mais importante sede das decisões e palco dos benefícios.
Nessa época a Corte era faustosa e D. Manuel I não regateava despesas.
Era uma forma de afirmação e de demonstração do seu poder e também das suas aspirações.
O sonho de um Império que se concretizava e também de domínio português de um reino ibérico unificado. D. Manuel I prosseguiu sempre este desígnio, que por um lado garantia a paz, mas por outro também permitia a continuidade do sonho de um reino integrado, em que o Rei seria português.
Seu filho primogénito, D. Miguel da Paz, obteve esse estatuto, pois logo à nascença foi designado como Príncipe das Astúrias e presumptivo herdeiro das três coroas. Morreu com dois anos de idade em Granada, mas D. Manuel prosseguiu essa sua politica casando em segundas núpcias com a cunhada, Maria de Aragão e em terceiras núpcias com Leonor de Áustria, respectivamente filha e neta dos Reis Católicos.
Curiosamente esta politica de D. Manuel veio a originar as primeiras manifestações de nacionalismo, nas Cortes de Lisboa de 1498, 1499 e 1502 , pois muitos temiam que esta exclusiva ligação das duas casas reais, pudesse ocasionar o reverso da medalha, ou seja o domínio da Espanha unificada, sobre a soberania nacional.
Almeirim, já não não era apenas um simples lugar de estadia temporária da Corte portuguesa, era um digno e importante centro da política mundial a época.
Para aqui se deslocavam os representantes das mais representativas casas reais europeias, das religiosas autoridades e os nobres portugueses tinham de aqui ter lugar de permanência.
A vida social era intensa, os saraus, as festas, as toiradas e caçadas sucediam-se.
Almeirim era um dos mais importantes centros, da vida politica e mundana da época.
Paço de Almeirim - de Residência Real a Vila da Corte.História de Almeirim (5)
D. Afonso V, foi um rei distante da governação e também da expansão marítima que depois da morte de seu tio D. Henrique em 1460, perdeu a dinâmica por este criada.
Este rei, dedicou toda a sua vida a actividades guerreiras.
O seu reinado começa com a cedência a intrigas, que culminaram com a batalha de Alfarrobeira, em que morre seu tio D. Pedro e o mais ilustre da Ínclica geração, que fora regente, durante a menoridade do novo rei.
Depois D. Afonso V, responde ao apelo do papa Calisto III, e durante três anos ausenta-se para participar na Cruzada falhada.
No período de 1458 a 1471, parte para as conquistas do norte de África, onde obtém os seus êxitos que lhe valeram o cognome de Africano.
De 1474 a 1477, entra no conflito de Castela, reivindicando direitos de sucessão e acaba derrotado na batalha de Toro.
Regressa então a Portugal este rei distante, nitidamente debilitado e abdica em seu filho João.
Mesmo distante, há notícias da estadia em Almeirim de D. Afonso V, o que demonstra com particular clareza a importância que o Paço já então assumia, nas preferências da família real.
É uma afirmação, com confirmação histórica, que o Príncipe D. João foi gerado em Almeirim, no decurso de uma estadia real, no ano de 1454.
Também está documentada a passagem do Natal em Almeirim, do rei em 1481, ou seja dois anos antes da sua morte.
D. João II, é a antítese de seu pai.
Astuto e determinado, insensível á intriga, ele está vocacionado para governar.
Afronta os poderes do clero e da nobreza que a ausência de seu pai reforçou, ainda como Regente dá sinais claros dessa sua determinação.
“ Eu sou o Senhor dos senhores e não o servo dos servos”
O episódio histórico, da sua ameaça de morte e impedimento de entrar em Almeirim do Cardeal de Portugal, D. Jorge da Costa, foi um dos primeiros e significativos sinais do Príncipe Perfeito, na sua estratégia de criar um Reino unificado e absolutista.
O acordo de casamento, de seu filho primogénito D. Afonso, com Isabel a mais velha dos filhos dos Reis Católicos, que foi celebrado no Paço de Almeirim, no ano de 1483, é a mais significativa demonstração de toda a astúcia de D. João II. Durante muitos anos os Reis Católicos lutaram, usando desesperadamente toda a sua influência junto do Papa, numa tentativa de anular este casamento, que após a morte do príncipe herdeiro, D. Juan, colocava o príncipe português como sucessor legítimo do reino de Portugal, de Castela e de Aragão
O Paço de Almeirim era nessa época uma residência real e para D. João II, foi sempre aquela que lhe permitia o isolamento necessário para evitar as intrigas e lutas palacianas. Esta importância que o rei dava a este lugar veio a ser expresso através da publicação da sua carta Régia em 1483, que representa a verdadeira fundação do Concelho de Almeirim.
A estratégia de D. João II de unificar os reinos de Portugal, Castela e Aragão, sob a égide de seu filho, veio a ter revés fatal.
D. Afonso, morre de uma misteriosa queda de cavalo, na Ribeira de Santarém no ano de 1491.
Porém Almeirim, com este desastre e este drama, viu reforçada a sua importância uma vez que após este desastre não mais a Corte se veio a instalar em Santarém e assim todos os sucessores de D. João II, cumpriram o seu desejo de não mais se instalar naquela Vila.
Almeirim passou assim, a ser um lugar de permanência da Corte e não apenas da família real.
Iremos assistir no reinado de D. Manuel a todo um importante conjunto de consequências, que este facto veio a determinar.
Este rei, dedicou toda a sua vida a actividades guerreiras.
O seu reinado começa com a cedência a intrigas, que culminaram com a batalha de Alfarrobeira, em que morre seu tio D. Pedro e o mais ilustre da Ínclica geração, que fora regente, durante a menoridade do novo rei.
Depois D. Afonso V, responde ao apelo do papa Calisto III, e durante três anos ausenta-se para participar na Cruzada falhada.
No período de 1458 a 1471, parte para as conquistas do norte de África, onde obtém os seus êxitos que lhe valeram o cognome de Africano.
De 1474 a 1477, entra no conflito de Castela, reivindicando direitos de sucessão e acaba derrotado na batalha de Toro.
Regressa então a Portugal este rei distante, nitidamente debilitado e abdica em seu filho João.
Mesmo distante, há notícias da estadia em Almeirim de D. Afonso V, o que demonstra com particular clareza a importância que o Paço já então assumia, nas preferências da família real.
É uma afirmação, com confirmação histórica, que o Príncipe D. João foi gerado em Almeirim, no decurso de uma estadia real, no ano de 1454.
Também está documentada a passagem do Natal em Almeirim, do rei em 1481, ou seja dois anos antes da sua morte.
D. João II, é a antítese de seu pai.
Astuto e determinado, insensível á intriga, ele está vocacionado para governar.
Afronta os poderes do clero e da nobreza que a ausência de seu pai reforçou, ainda como Regente dá sinais claros dessa sua determinação.
“ Eu sou o Senhor dos senhores e não o servo dos servos”
O episódio histórico, da sua ameaça de morte e impedimento de entrar em Almeirim do Cardeal de Portugal, D. Jorge da Costa, foi um dos primeiros e significativos sinais do Príncipe Perfeito, na sua estratégia de criar um Reino unificado e absolutista.
O acordo de casamento, de seu filho primogénito D. Afonso, com Isabel a mais velha dos filhos dos Reis Católicos, que foi celebrado no Paço de Almeirim, no ano de 1483, é a mais significativa demonstração de toda a astúcia de D. João II. Durante muitos anos os Reis Católicos lutaram, usando desesperadamente toda a sua influência junto do Papa, numa tentativa de anular este casamento, que após a morte do príncipe herdeiro, D. Juan, colocava o príncipe português como sucessor legítimo do reino de Portugal, de Castela e de Aragão
O Paço de Almeirim era nessa época uma residência real e para D. João II, foi sempre aquela que lhe permitia o isolamento necessário para evitar as intrigas e lutas palacianas. Esta importância que o rei dava a este lugar veio a ser expresso através da publicação da sua carta Régia em 1483, que representa a verdadeira fundação do Concelho de Almeirim.
A estratégia de D. João II de unificar os reinos de Portugal, Castela e Aragão, sob a égide de seu filho, veio a ter revés fatal.
D. Afonso, morre de uma misteriosa queda de cavalo, na Ribeira de Santarém no ano de 1491.
Porém Almeirim, com este desastre e este drama, viu reforçada a sua importância uma vez que após este desastre não mais a Corte se veio a instalar em Santarém e assim todos os sucessores de D. João II, cumpriram o seu desejo de não mais se instalar naquela Vila.
Almeirim passou assim, a ser um lugar de permanência da Corte e não apenas da família real.
Iremos assistir no reinado de D. Manuel a todo um importante conjunto de consequências, que este facto veio a determinar.
O Berço da Tauromaquia- História de Almeirim (4)
Para as suas demonstrações de perícia equestre e também como demonstração dos jovens fidalgos que estariam habilitados aos serviços do reino, D. Duarte fez renascer o hábito ancestral de lancear toiros em recinto fechado.
As mais antigas crónicas de festejos tauromáquicos remontam ao ano de 1147, onde participam nobres do partido de D. Afonso Henriques, narrados no Livro “a História da Toiradas” de Eduardo Noronha e também em gravuras de Roque Gameiro.
O Príncipe D. Duarte fez renascer essa ancestral tradição.
Seu parente D. João I de Castela, entusiasmou-se também com esta actividade e promoveu-a no seu território. A tauromaquia espanhola considera precisamente este Rei como o fundador da tauromaquia ancestral, que se praticava antes da tauromaquia moderna, mas que lhe deu origem como a principal espectáculo popular do país vizinho, hoje em dia apenas ultrapassado em número de espectadores anuais, pelo futebol.
D. Duarte actuou em muitos festejos organizados pelo Rei Castelhano.
Com essas actuações ganhou enorme prestígio como cavaleiro exímio e homem de grande coragem.
Os toiros selvagens que existiam na Coutada real de Almeirim, eram assim cercados e trazidos para junto do Paço.
Aí se procediam aos treinos dos fidalgos e do Príncipe D. Duarte.
Almeirim foi assim o berço da tauromaquia que a partir de D. Duarte não mais deixou de ser uma actividade de grande popularidade.
Mas não foi apenas da Tauromaquia, mas também da criação e selecção dos toiros bravos para os festejos. Noutro capítulo voltaremos a esta questão, mas desde já deixo a confirmação de que as primeiras ganadarias portuguesas a fazer a selecção de toiros bravos são instaladas precisamente nas montarias adjacentes à Coutada Real.
Esta circunstância de Almeirim ter condições impares para as práticas tauromáquicas, vai ter influência decisiva para acontecimentos históricos de enorme importância.
Basta referir que não foi uma circunstância de somenos na escolha de D. Sebastião, na sua decisão histórica de vir para o Paço de Almeirim e aqui instalar Corte e Tribunais e com isso, afirmar oficialmente Almeirim como a capital do reino.
As mais antigas crónicas de festejos tauromáquicos remontam ao ano de 1147, onde participam nobres do partido de D. Afonso Henriques, narrados no Livro “a História da Toiradas” de Eduardo Noronha e também em gravuras de Roque Gameiro.
O Príncipe D. Duarte fez renascer essa ancestral tradição.
Seu parente D. João I de Castela, entusiasmou-se também com esta actividade e promoveu-a no seu território. A tauromaquia espanhola considera precisamente este Rei como o fundador da tauromaquia ancestral, que se praticava antes da tauromaquia moderna, mas que lhe deu origem como a principal espectáculo popular do país vizinho, hoje em dia apenas ultrapassado em número de espectadores anuais, pelo futebol.
D. Duarte actuou em muitos festejos organizados pelo Rei Castelhano.
Com essas actuações ganhou enorme prestígio como cavaleiro exímio e homem de grande coragem.
Os toiros selvagens que existiam na Coutada real de Almeirim, eram assim cercados e trazidos para junto do Paço.
Aí se procediam aos treinos dos fidalgos e do Príncipe D. Duarte.
Almeirim foi assim o berço da tauromaquia que a partir de D. Duarte não mais deixou de ser uma actividade de grande popularidade.
Mas não foi apenas da Tauromaquia, mas também da criação e selecção dos toiros bravos para os festejos. Noutro capítulo voltaremos a esta questão, mas desde já deixo a confirmação de que as primeiras ganadarias portuguesas a fazer a selecção de toiros bravos são instaladas precisamente nas montarias adjacentes à Coutada Real.
Esta circunstância de Almeirim ter condições impares para as práticas tauromáquicas, vai ter influência decisiva para acontecimentos históricos de enorme importância.
Basta referir que não foi uma circunstância de somenos na escolha de D. Sebastião, na sua decisão histórica de vir para o Paço de Almeirim e aqui instalar Corte e Tribunais e com isso, afirmar oficialmente Almeirim como a capital do reino.
História de Almeirim (3)
D. João I e seus filhos, deram pelo seu exemplo e pela sua acção, um contributo inestimável para a consolidação da cultura portuguesa. Eles são pioneiros na literatura portuguesa e decisivos para trazer para Portugal o conhecimento e as técnicas mais avançadas da sua época.
D. Duarte escreveu o “Leal Conselheiro” e a “Ensinança de Cavalgar em toda a Sela”.
O Infante D. Pedro, escreveu o livro “Virtuosa Sabedoria”.
D. Henrique, que beneficiava dos bens e riquezas da Ordem de Cristo, trouxe para Portugal os melhores cientistas da Europa.
D. Duarte foi o primeiro Rei a fundar uma biblioteca real e nos seus livros demonstra que conhecia muitos autores latinos e italianos.
Esta grande carga cultural dos primeiros Reis da segunda dinastia, foi determinante e essencial para a construção do espírito de Nação e para o seu reconhecimento internacional.
D. Duarte era um homem profundamente inteligente.
Ainda como Príncipe, em vida de seu pai, ele determina-se em mudar a mentalidade dos jovens fidalgos e na sua preparação para as funções ao serviço do Reino.
Escreve o “Leal Conselheiro” nessa perspectiva e foi bem sucedido.
Escreve depois a “Ensinança de bem cavalgar”, que queria ver incluída nos seus conselhos de formação dos jovens fidalgos.
D. Duarte era um cavaleiro exímio, muito dotado e apaixonado pelas práticas de caça a cavalo, em particular da caça grossa, ao toiro bravo, ao javali ou aos veados. Percebeu nessas suas práticas todas as limitações dos cavalos que se usavam, da forma como se montava e tentou encontrar novos cavalos e novas técnicas de equitação.
Importou cavalos de origem árabe da Andaluzia e recebeu mestres da mesma região, que praticavam uma equitação antiga também de origem muçulmana, que se chamava de Equitação à Gineta.
D. Duarte está assim na origem da formação de uma raça de cavalos, seleccionados sistematicamente pelas gerações seguintes, para uma nova forma de montar, para novas exigências da caça e também para exercícios militares e novas tácticas de guerra. São os primórdios da raça Lusitana.
D. Duarte percebeu também, que esta nova aprendizagem e os exercícios de caça era muito exigente em valores humanos que considerava essenciais e que seria uma excelente forma de treino militar.
Escreveu então a “Ensinança de cavalgar em toda a sela”.
Descreve nesse livro os valores humanos essenciais, como a valentia e o domínio do medo, a determinação necessária, o método de treino físico como essencial e também o primado da técnica, da sensibilidade e da inteligência, sobre a violência, para domínio dos homens e dos animais.
O livro vai muito para além da descrição pormenorizada das técnicas de equitação, do domínio e ensino dos cavalos e dos exercícios de destreza e mobilidade, é sobretudo um manual completíssimo de comportamentos humanos e de preparação militar.
Toda esta experiência de D. Duarte, que lhe permitiu esta importantíssima acção de formação dos novos fidalgos, teve um palco privilegiado e esse lugar foi Almeirim.
A dedução lógica, demonstra esta evidência.
Já havia o Paço Real em Almeirim e a Coutada de Almeirim, seria o melhor lugar que o Príncipe poderia encontrar para fazer as suas experiências e a sua acção de treino e formação aos jovens fidalgos.
Também lá chegamos pela comparação de datas dos acontecimentos.
O livro “Ensinança de bem cavalgar” foi publicado em 1434, um ano depois de D. Duarte ter sido aclamado Rei, aos trinta e dois anos de idade.
No ano de 1433, nasce no Paço de Almeirim, seu filho D. Fernando.
Ora sabendo que nessa época a Corte só tinha possibilidades de instalação em Santarém, a presença da família Real em Almeirim, só pode ser justificada, através das práticas desportivas e militares, que entusiasmaram toda a vida o Rei, em particular a arte de lancear toiros.
A Rainha das Vinhas
Este era o nome por que eram conhecidas em Almeirim, as vinhas da Padilha.
Ainda há muitos almeirinenses vivos e de saúde, que se lembram bem deste apelido.
Plantadas com a nova técnica da enxertia sob bacelo americano, resistente à praga da filoxera, mas da casta tradicional “Fernão Pires”, aquelas vinhas tinham um vigor vegetativo e uma produtividade que as distinguiam.
Elas foram plantadas ainda em terras que eram pertença do senhor Conde da Taipa, D. Gastão da Câmara Coutinho, esse ilustre almeirinense, que membro da Corte se distinguiu na defesa da conciliação da Carta Constitucional com a Constituição de 1820, que acabou com a guerra civil.
A vinha da Padilha é uma vinha centenária, muito provavelmente a mais velha vinha enxertada de Portugal.
Ela existe desde os anos oitenta do século XIX.
Foi Manoel de Andrade, que na época era administrador do Conde, que a plantou.
Era uma vinha grande, muito grande mesmo, que se estendia até a Vale Peixe.
Depois foi sendo dividida pelos descendentes de Manoel Andrade, que a tinha adquirido.
Hoje está reduzida a uma pequena vinha, que está situada quase dentro da cidade.
Ou melhor, a cidade continua a entrar por dentro dela.
Mas é impressionante o vigor que ainda ostenta esta vinha centenária.
Esse seu vigor é a sua mensagem.
“Sou uma vinha simbólica, símbolo de uma terra, símbolo de heróis que salvaram outras regiões vitícolas, estou às vossas portas para que me vejam, para que percebam que se não me matarem, ou apenas uma parte de mim, estão a preservar todo um conjunto de valores, que motivaram a construção da cidade.
Pelo contrário divulguem a minha existência e o que represento, assim encontrarão respostas mais consistentes para a evolução da cidade e dos seus habitantes.
Divulguem a obra dos pioneiros da cidade e dos outros que vieram para cá e adquiriram aqui a sua sabedoria, que os levou a salvar patrimónios mundiais, como são hoje reconhecidas as vinhas do Douro.
Sou uma vinha plantada por um emigrante que se tornou lavrador, junto a mim aprenderam muitos Fazendeiros que foram heróis e que são vossos avós e vossos pais.
Sou a rainha das vinhas de Almeirim, porque esses lavradores e fazendeiros me reconheciam como símbolo de uma época de luta contra a desgraça e como símbolo da oportunidade que produziu a riqueza.
Sou a mais velha vinha de Portugal, pois fui das primeiras da nova época que salvou a viticultura nacional, sou uma vinha da Casta Fernão Pires enxertada em Bacelo americano. Sou assim o símbolo da resistência e da persistência dos homens de Almeirim.”
Património colectivo, não é apenas a obra de pedra, é toda a obra humana com expressivo significado, na evolução dos homens e de uma sociedade, que por esse facto tem de ser preservada, identificada e enaltecida.
Deixo assim um apelo.
Não sou contra a expansão da cidade, muito pelo contrário.
Mas se a cidade continuar a crescer naquele sentido…projectem com imaginação os lotes e os arruamentos de forma a manter viva e referenciada uma parte daquelas cepas, quanto mais não seja num separador central ou numa rotunda…mas preservem nem que seja uma simples cepa centenária, que fique de referência, pois é uma referência de grande significado.
Plantadas com a nova técnica da enxertia sob bacelo americano, resistente à praga da filoxera, mas da casta tradicional “Fernão Pires”, aquelas vinhas tinham um vigor vegetativo e uma produtividade que as distinguiam.
Elas foram plantadas ainda em terras que eram pertença do senhor Conde da Taipa, D. Gastão da Câmara Coutinho, esse ilustre almeirinense, que membro da Corte se distinguiu na defesa da conciliação da Carta Constitucional com a Constituição de 1820, que acabou com a guerra civil.
A vinha da Padilha é uma vinha centenária, muito provavelmente a mais velha vinha enxertada de Portugal.
Ela existe desde os anos oitenta do século XIX.
Foi Manoel de Andrade, que na época era administrador do Conde, que a plantou.
Era uma vinha grande, muito grande mesmo, que se estendia até a Vale Peixe.
Depois foi sendo dividida pelos descendentes de Manoel Andrade, que a tinha adquirido.
Hoje está reduzida a uma pequena vinha, que está situada quase dentro da cidade.
Ou melhor, a cidade continua a entrar por dentro dela.
Mas é impressionante o vigor que ainda ostenta esta vinha centenária.
Esse seu vigor é a sua mensagem.
“Sou uma vinha simbólica, símbolo de uma terra, símbolo de heróis que salvaram outras regiões vitícolas, estou às vossas portas para que me vejam, para que percebam que se não me matarem, ou apenas uma parte de mim, estão a preservar todo um conjunto de valores, que motivaram a construção da cidade.
Pelo contrário divulguem a minha existência e o que represento, assim encontrarão respostas mais consistentes para a evolução da cidade e dos seus habitantes.
Divulguem a obra dos pioneiros da cidade e dos outros que vieram para cá e adquiriram aqui a sua sabedoria, que os levou a salvar patrimónios mundiais, como são hoje reconhecidas as vinhas do Douro.
Sou uma vinha plantada por um emigrante que se tornou lavrador, junto a mim aprenderam muitos Fazendeiros que foram heróis e que são vossos avós e vossos pais.
Sou a rainha das vinhas de Almeirim, porque esses lavradores e fazendeiros me reconheciam como símbolo de uma época de luta contra a desgraça e como símbolo da oportunidade que produziu a riqueza.
Sou a mais velha vinha de Portugal, pois fui das primeiras da nova época que salvou a viticultura nacional, sou uma vinha da Casta Fernão Pires enxertada em Bacelo americano. Sou assim o símbolo da resistência e da persistência dos homens de Almeirim.”
Património colectivo, não é apenas a obra de pedra, é toda a obra humana com expressivo significado, na evolução dos homens e de uma sociedade, que por esse facto tem de ser preservada, identificada e enaltecida.
Deixo assim um apelo.
Não sou contra a expansão da cidade, muito pelo contrário.
Mas se a cidade continuar a crescer naquele sentido…projectem com imaginação os lotes e os arruamentos de forma a manter viva e referenciada uma parte daquelas cepas, quanto mais não seja num separador central ou numa rotunda…mas preservem nem que seja uma simples cepa centenária, que fique de referência, pois é uma referência de grande significado.
História de Almeirim (2)
Com a construção do Paço Real, Almeirim passou assim a ser um lugar onde D. João I, podia facilmente equilibrar a sua função de governante, com a sua determinação, pela arte de caçar. Há documentos da Chancelaria de D. João I, datados de 1423 e com a referência expressa a Almeirim, que comprovam este facto.
O exemplo do rei foi seguido por muitos outros fidalgos e as Coutadas alastraram por todo Portugal. O país ficou melhor servido pois as Coutadas produziam alimento apreciado e desejado. A caça começa a aparecer nas feiras e passa a bem comercial.
As coutadas eram já reservas silvo-cinegéticas, ou seja elas eram, um eco sistema natural que incluía a cinegética, a pastorícia das espécies selvagens e a floresta. Esta floresta, destas reservas foi determinante para a construção naval da frota portuguesa e por isso de particular relevo na expansão marítima. Existe documentação em que o Infante D. Henrique pede autorização real, para o corte de árvores nas coutadas da Vila de Santarém ou seja na coutada de Almeirim.
Mas ainda um outro aspecto, é digno de uma nota particularmente significativa.
O Rei de Portugal, escreveu um livro no início do século XV.
Nenhum outro Rei de qualquer outro país da Europa o tinha feito. O livro de D. João I, é o primeiro livro escrito por um Rei.
Esta circunstância faz toda a diferença.
Enquanto na generalidade dos outros países ainda de vivia em plena Idade Média, em que os Reis e também os Senhores Feudais eram iletrados, o Rei português fazia questão dar o exemplo e mostrar a todo o povo a sua distinção e a vantagem de saber ler e escrever.
Assim o livro de D. João I, não é um simples evoluído tratado de caça é uma mensagem de cultura e uma prova para a posteridade de uma mentalidade bem mais avançada, que a que persistia na Europa.
É com esta mensagem real, que Portugal avança para o conhecimento, de que seus filhos são herdeiros, iniciando o caminho da concretização de um Império e de pioneiros da globalização mundial.
Portugal é o primeiro país da Europa a ter um governo centralizado, ou seja, foi o país que primeiro acabou com a forma de organização política e social, tão limitadora da criatividade humana, chamada Idade Média.
Isso se deve também a D. João I e ao seu exemplo de homem de cultura muito acima dos parâmetros da época. Deve-se também muito naturalmente a sua mulher D. Filipa de Lencastre, e à forma como foram educados seus filhos, a Ínclica Geração.
Almeirim, foi o lugar privilegiado pela nova mentalidade da nova família real, para dar expressão a este caminho, tão determinante para a história do mundo.
A Coutada Real de Almeirim, permitiu a mensagem cultural mais importante dos primeiros anos do século XV e vai também permitir que D. Duarte, que foi cognominado justamente como o Eloquente, prossiga e aprofunde essa mensagem, transformando a arte de caçar, num verdadeiro instrumento de formação de fidalgos e de exercício e treino militar.
Forneceu também inequivocamente a madeira, para a construção naval da frota portuguesa do início da expansão marítima. Ou seja, a Coutada de Almeirim, foi também um importante local de produção de uma matéria prima essencial para o inicio da politica expansionista portuguesa.
O exemplo do rei foi seguido por muitos outros fidalgos e as Coutadas alastraram por todo Portugal. O país ficou melhor servido pois as Coutadas produziam alimento apreciado e desejado. A caça começa a aparecer nas feiras e passa a bem comercial.
As coutadas eram já reservas silvo-cinegéticas, ou seja elas eram, um eco sistema natural que incluía a cinegética, a pastorícia das espécies selvagens e a floresta. Esta floresta, destas reservas foi determinante para a construção naval da frota portuguesa e por isso de particular relevo na expansão marítima. Existe documentação em que o Infante D. Henrique pede autorização real, para o corte de árvores nas coutadas da Vila de Santarém ou seja na coutada de Almeirim.
Mas ainda um outro aspecto, é digno de uma nota particularmente significativa.
O Rei de Portugal, escreveu um livro no início do século XV.
Nenhum outro Rei de qualquer outro país da Europa o tinha feito. O livro de D. João I, é o primeiro livro escrito por um Rei.
Esta circunstância faz toda a diferença.
Enquanto na generalidade dos outros países ainda de vivia em plena Idade Média, em que os Reis e também os Senhores Feudais eram iletrados, o Rei português fazia questão dar o exemplo e mostrar a todo o povo a sua distinção e a vantagem de saber ler e escrever.
Assim o livro de D. João I, não é um simples evoluído tratado de caça é uma mensagem de cultura e uma prova para a posteridade de uma mentalidade bem mais avançada, que a que persistia na Europa.
É com esta mensagem real, que Portugal avança para o conhecimento, de que seus filhos são herdeiros, iniciando o caminho da concretização de um Império e de pioneiros da globalização mundial.
Portugal é o primeiro país da Europa a ter um governo centralizado, ou seja, foi o país que primeiro acabou com a forma de organização política e social, tão limitadora da criatividade humana, chamada Idade Média.
Isso se deve também a D. João I e ao seu exemplo de homem de cultura muito acima dos parâmetros da época. Deve-se também muito naturalmente a sua mulher D. Filipa de Lencastre, e à forma como foram educados seus filhos, a Ínclica Geração.
Almeirim, foi o lugar privilegiado pela nova mentalidade da nova família real, para dar expressão a este caminho, tão determinante para a história do mundo.
A Coutada Real de Almeirim, permitiu a mensagem cultural mais importante dos primeiros anos do século XV e vai também permitir que D. Duarte, que foi cognominado justamente como o Eloquente, prossiga e aprofunde essa mensagem, transformando a arte de caçar, num verdadeiro instrumento de formação de fidalgos e de exercício e treino militar.
Forneceu também inequivocamente a madeira, para a construção naval da frota portuguesa do início da expansão marítima. Ou seja, a Coutada de Almeirim, foi também um importante local de produção de uma matéria prima essencial para o inicio da politica expansionista portuguesa.
Fazendas de Almeirim: "Fernão Pirão" e "Vinha Urbana"
A publicação do Desafio de Almeirim, proporcionou-me já grandes alegrias.
Proporcionou também novos contactos, novas mensagens, que consubstanciam novas oportunidades, para o futuro de Almeirim.
A mais significativa das alegrias, foi o reencontro de uma geração de amigos de infância, que distantes e dispersos pelos afazeres da vida, encontraram através da sua paixão pela sua terra, uma motivação adicional que os mobilizou para iniciarem um trabalho em sintonia com os seus sentimentos de afectividade para com a sua terra.
Está criada uma plataforma de trabalho e acção cívica, de amigos de Almeirim.
Não será nunca uma plataforma de acção política, nem social, pois essas são outras competências de natureza distinta.
Será uma acção de valorização da história, dos costumes e tradições de Almeirim, das suas famílias e das suas obras.
Será um projecto que pretende mobilizar todos os que sentirem esta evidência…a divulgação do património cultural e preservação das obras e costumes do passado é uma premissa essencial para todo o desenvolvimento futuro e uma fonte inesgotável de oportunidades de evolução.
Um outro surpreendente contacto, marcou já o interesse nacional que o lançamento desta ideia, veio suscitar.
Um colega dos meus tempos de estudante no Instituto Superior de Agronomia, faz-me um importante apelo. Trata-se do Professor Catedrático Virgílio Loureiro, que é o mais eminente enólogo português.
Ele pede a minha sensibilidade e colaboração, para defender a preservação de um património nacional, cuja singularidade e identidade só pode ser referênciada nas Fazendas de Almeirim.
Ele escreve-me:
“Gostaria de te entusiasmar a não deixares morrer o "Fernão Pirão" e a vinha urbana das Fazendas de Almeirim - um património vitícola que nenhum país civilizado permitiria que se perdesse. Constatei, com surpresa e desânimo, que nas Fazendas já ninguém se lembra como surgiu a paisagem da "vinha urbana". E quando já não há memória é mau sinal, deixando de se dar valor ao trabalho dos antepassados.”
E descreve-me :
“Feito nas pequenas adegas dos fazendeiros, era um vinho “sem química”, conforme a uva o dava. Tinha, por isso, virtudes e alguns pecados. Nas primeiras, sobressaía a estrutura, a riqueza alcoólica, a sapidez e o “torradinho” do Fernão Pires. Nos pecados, a cor acastanhada, o aspecto nem sempre cristalino e o aroma e sabor algo pesados. Era, pois, um vinho poderoso, que se cortava à faca, saciava ao primeiro copo e não se intimidava, nem perante a sopa à lavrador, nem perante o tinto. Chamaram-lhe “Fernão Pirão” e ainda hoje faz as delícias de alguns fazendeiros de Almeirim. Com o avanço da vinha e a industrialização do vinho, passou a ser feito, em grande volume, na Cooperativa da Gouxa, que o vendia em grandes volumes para as tascas de Lisboa, muitas vezes tingido, pelos armazenistas, com Grand Noir ou Alicante Bouschet, duas castas minoritários na zona, mas com função bem definida. Por isso, um célebre enólogo francês, Nuno Vaissier, que aí se radicou, dizia com toda a convicção: “O melhor cliente do branco é o tinto.”
Proporcionou também novos contactos, novas mensagens, que consubstanciam novas oportunidades, para o futuro de Almeirim.
A mais significativa das alegrias, foi o reencontro de uma geração de amigos de infância, que distantes e dispersos pelos afazeres da vida, encontraram através da sua paixão pela sua terra, uma motivação adicional que os mobilizou para iniciarem um trabalho em sintonia com os seus sentimentos de afectividade para com a sua terra.
Está criada uma plataforma de trabalho e acção cívica, de amigos de Almeirim.
Não será nunca uma plataforma de acção política, nem social, pois essas são outras competências de natureza distinta.
Será uma acção de valorização da história, dos costumes e tradições de Almeirim, das suas famílias e das suas obras.
Será um projecto que pretende mobilizar todos os que sentirem esta evidência…a divulgação do património cultural e preservação das obras e costumes do passado é uma premissa essencial para todo o desenvolvimento futuro e uma fonte inesgotável de oportunidades de evolução.
Um outro surpreendente contacto, marcou já o interesse nacional que o lançamento desta ideia, veio suscitar.
Um colega dos meus tempos de estudante no Instituto Superior de Agronomia, faz-me um importante apelo. Trata-se do Professor Catedrático Virgílio Loureiro, que é o mais eminente enólogo português.
Ele pede a minha sensibilidade e colaboração, para defender a preservação de um património nacional, cuja singularidade e identidade só pode ser referênciada nas Fazendas de Almeirim.
Ele escreve-me:
“Gostaria de te entusiasmar a não deixares morrer o "Fernão Pirão" e a vinha urbana das Fazendas de Almeirim - um património vitícola que nenhum país civilizado permitiria que se perdesse. Constatei, com surpresa e desânimo, que nas Fazendas já ninguém se lembra como surgiu a paisagem da "vinha urbana". E quando já não há memória é mau sinal, deixando de se dar valor ao trabalho dos antepassados.”
E descreve-me :
“Feito nas pequenas adegas dos fazendeiros, era um vinho “sem química”, conforme a uva o dava. Tinha, por isso, virtudes e alguns pecados. Nas primeiras, sobressaía a estrutura, a riqueza alcoólica, a sapidez e o “torradinho” do Fernão Pires. Nos pecados, a cor acastanhada, o aspecto nem sempre cristalino e o aroma e sabor algo pesados. Era, pois, um vinho poderoso, que se cortava à faca, saciava ao primeiro copo e não se intimidava, nem perante a sopa à lavrador, nem perante o tinto. Chamaram-lhe “Fernão Pirão” e ainda hoje faz as delícias de alguns fazendeiros de Almeirim. Com o avanço da vinha e a industrialização do vinho, passou a ser feito, em grande volume, na Cooperativa da Gouxa, que o vendia em grandes volumes para as tascas de Lisboa, muitas vezes tingido, pelos armazenistas, com Grand Noir ou Alicante Bouschet, duas castas minoritários na zona, mas com função bem definida. Por isso, um célebre enólogo francês, Nuno Vaissier, que aí se radicou, dizia com toda a convicção: “O melhor cliente do branco é o tinto.”
História de Almeirim (1)
Entendi que este espaço, também poderia servir para a divulgação da minha visão sobre a história de Almeirim.
A história de Almeirim não é conhecida nem valorizada e isso constitui uma enorme limitação numa perspectiva do seu próprio desenvolvimento.
Por isso aí vai o meu contributo…de todas as semanas publicar um texto sobre o meu conhecimento sobre a história da minha terra, onde vivo e onde sempre vivi.
Neste lugar já se tinham fixado populações, desde a pré história e há vestígios e notícias da presença humana desses tempos, também da época lusitânica, romana, visigótica e árabe. Mas a consolidação da história moderna de Almeirim, enquanto cidade, começa com a Coutada Real e a construção do Paço, ou seja, a partir do ano de 1411.
Tão importante decisão deve-se ao Rei que o povo escolheu, D. João I.
É muito frequente a classificação do Paço de Almeirim, como “lugar de refúgio da Corte” ou como “a Sintra de Inverno”, o que sempre me incomodou, pois estas definições são redutoras relativamente à verdadeira importância que Almeirim teve na história de Portugal.
São adjectivações decorrentes de análises superficiais e muito simplificadas da história de Portugal e originam interpretações que desprezam o verdadeiro significado dos factos históricos de grande relevo, pois Almeirim foi efectivamente a capital do Reino.
Tudo começou através de uma preocupação que dominava o espírito do novo Rei de Portugal, D. João I.
É sabido que este Rei teve por largas temporadas a sua Corte instalada em Santarém.
Santarém tinha um enorme Paço Real, que tinha sido mandado construir pelo Rei D. Fernando I, que assim transferira a residência real da Alcáçova para o centro da Vila. Esse Paço, que hoje e após algumas intervenções e alterações, é designado por Seminário e é sede episcopal.
Nessa época a base alimentar portuguesa era o pão, a caça e a pesca. Daí a grande preocupação do Rei com a caça, não como uma actividade de lazer como nos nossos dias é interpretada e vivida, mas como uma actividade determinante para produzir um bem essencial.
A decisão de D. João I de criar em Almeirim uma Coutada Real, não visava o lazer da corte e dos fidalgos, mas objectivos muito mais nobres e muito mais importantes.
D. João I, apreciou a charneca como grande espaço de produção de caça e decretou a sua marcação.
Mas D. João I, não se satisfez apenas com a delimitação desse espaço de produção, ele quis deixar uma marca mais consolidada e entendeu escrever um Tratado de Caça.
Com esse Tratado ele pretendia enaltecer a actividade de caçar, como uma actividade de grande importância para a alimentação racional do povo e promovê-la divulgando as técnicas mais objectivas e mais apropriadas, para cada espécie cinegética.
Foi nessa sua nova Coutada, em Almeirim que se iniciou toda uma, observação, investigação e experimentação, que o habilitou a escrever esse Tratado.
A história de Almeirim não é conhecida nem valorizada e isso constitui uma enorme limitação numa perspectiva do seu próprio desenvolvimento.
Por isso aí vai o meu contributo…de todas as semanas publicar um texto sobre o meu conhecimento sobre a história da minha terra, onde vivo e onde sempre vivi.
Neste lugar já se tinham fixado populações, desde a pré história e há vestígios e notícias da presença humana desses tempos, também da época lusitânica, romana, visigótica e árabe. Mas a consolidação da história moderna de Almeirim, enquanto cidade, começa com a Coutada Real e a construção do Paço, ou seja, a partir do ano de 1411.
Tão importante decisão deve-se ao Rei que o povo escolheu, D. João I.
É muito frequente a classificação do Paço de Almeirim, como “lugar de refúgio da Corte” ou como “a Sintra de Inverno”, o que sempre me incomodou, pois estas definições são redutoras relativamente à verdadeira importância que Almeirim teve na história de Portugal.
São adjectivações decorrentes de análises superficiais e muito simplificadas da história de Portugal e originam interpretações que desprezam o verdadeiro significado dos factos históricos de grande relevo, pois Almeirim foi efectivamente a capital do Reino.
Tudo começou através de uma preocupação que dominava o espírito do novo Rei de Portugal, D. João I.
É sabido que este Rei teve por largas temporadas a sua Corte instalada em Santarém.
Santarém tinha um enorme Paço Real, que tinha sido mandado construir pelo Rei D. Fernando I, que assim transferira a residência real da Alcáçova para o centro da Vila. Esse Paço, que hoje e após algumas intervenções e alterações, é designado por Seminário e é sede episcopal.
Nessa época a base alimentar portuguesa era o pão, a caça e a pesca. Daí a grande preocupação do Rei com a caça, não como uma actividade de lazer como nos nossos dias é interpretada e vivida, mas como uma actividade determinante para produzir um bem essencial.
A decisão de D. João I de criar em Almeirim uma Coutada Real, não visava o lazer da corte e dos fidalgos, mas objectivos muito mais nobres e muito mais importantes.
D. João I, apreciou a charneca como grande espaço de produção de caça e decretou a sua marcação.
Mas D. João I, não se satisfez apenas com a delimitação desse espaço de produção, ele quis deixar uma marca mais consolidada e entendeu escrever um Tratado de Caça.
Com esse Tratado ele pretendia enaltecer a actividade de caçar, como uma actividade de grande importância para a alimentação racional do povo e promovê-la divulgando as técnicas mais objectivas e mais apropriadas, para cada espécie cinegética.
Foi nessa sua nova Coutada, em Almeirim que se iniciou toda uma, observação, investigação e experimentação, que o habilitou a escrever esse Tratado.
O Tratado "Montaria" é o primeiro livro editado na Idade Média, por um Rei.
Para ir de Santarém a Almeirim havia que cavalgar durante horas e perder muito tempo com a travessia do Tejo em barcaças.
Foi por isso que tomou a decisão de construir em Almeirim um lugar de pernoita e de trabalho.
Nasceu assim o Paço de Almeirim, que não teve motivações lúdicas, mas sim preocupações sérias, baseadas no interesse real pelos portugueses e para com a Nação.
Para ir de Santarém a Almeirim havia que cavalgar durante horas e perder muito tempo com a travessia do Tejo em barcaças.
Foi por isso que tomou a decisão de construir em Almeirim um lugar de pernoita e de trabalho.
Nasceu assim o Paço de Almeirim, que não teve motivações lúdicas, mas sim preocupações sérias, baseadas no interesse real pelos portugueses e para com a Nação.
Afectividade pela Cidade
É o sentimento que os homens têm, que faz toda a diferença nas suas atitudes e nas suas obras.
A afectividade é um sentimento base essencial na formação humana e o grau da sua intensidade, é a medida do nosso interesse e da nossa capacidade.
Uma sociedade constituída por pessoas, com paixão pelo espaço em que vivem, é uma sociedade com uma elevada massa crítica e com um elevado grau de exigência.
Aos governantes desse espaço, onde habitam essas pessoas, será exigido graus idênticos de afectividade, de conhecimento, de responsabilidade, pois terão de dar respostas permanentes ao elevado grau de exigência da sociedade.
A indução das afectividades é assim um factor decisivo para a melhoria das condições de vivência e convivência social.
O momento mais importante da vida de um ser humano para adquirir esta afectividade é a infância. A família é a principal instituição para enraizamento das afectividades, mas a escola, em particular a instrução primária ou primeiro ciclo, também é decisiva na indução das afectividades pelos espaços onde vivemos e crescemos.
A terceira idade é a fase onde mais facilmente estamos disponíveis para expressar essa afectividade.
Desta realidade, decorre o meu segundo pequeno desafio para Almeirim.
O grau de afectividade para com a nossa cidade, está relacionado com as sensações boas, com as experiências, com o conhecimento. As boas sensações induzem a mais vivências, convivências, experiências e o conhecimento, a mais interesse e consciência social.
Há assim toda um interesse colectivo, um interesse geral, das famílias de uma cidade, em exigir da escola o fomento do conhecimento da história da cidade.
Por isso é particularmente importante que uma escola não se fixe apenas no ensino das matérias lectivas e contribua também para a inserção e confirmação das afectividades pela cidade. Fomentando actividades extra-curriculares dos alunos em cinergias com Instituições da cidade, mas sobretudo procurando mesmo dentro da formação estritamente académica a participação dos alunos em projectos identificadores da cidade e fomentadores do conhecimento da sua história, das suas gentes, das suas identidades.
Almeirim tem todo um vasto património histórico e cultural que poderia servir a esta perspectiva de ensino, que simultaneamente contribuiriam para o fomento da afectividade e da curiosidade por mais conhecimento.
Não quero substituir-me à imaginação dos professores, mas adianto alguns exemplos simples, mas muito objectivos…”Trabalhos colectivos ou de grupo, sobre a toponímia da cidade”…”identificação dos costumes e tradições”…”identificação patrimonial das épocas”…”relacionamento de factos históricos com os lugares”…”recolha de material museológico ou fotográfico das famílias, das épocas, dos costumes, das actividades”…” identificação das Instituições de Almeirim e sua história”…” os desportistas de Almeirim”…
Almeirim tem também uma Universidade da terceira idade.
As pessoas que a frequentam estão na sua fase de máxima abertura psicológica, para a expressão da sua afectividade para com a cidade. A abertura desta Instituição para ajudar a Escola nesta tarefa de fomento do conhecimento aos futuros cidadãos, seria de uma vantagem indiscutível.
Uma cinergia de actuação conjunta, entre esta Universidade da terceira idade e o ensino do 1º e 2º ciclo, vocacionada para a divulgação cultural e histórica de Almeirim, abriria novas possibilidades, estimularia novos interesses e mais motivação.
Uma das obras escolares mais interessantes e mais significativas existentes em Almeirim, é aquela Casa Térrea, que foi construída pelos alunos da Escola Febo Moniz. Uma obra que expressa bem toda a mensagem que pretendo dar.
A afectividade é um sentimento base essencial na formação humana e o grau da sua intensidade, é a medida do nosso interesse e da nossa capacidade.
Uma sociedade constituída por pessoas, com paixão pelo espaço em que vivem, é uma sociedade com uma elevada massa crítica e com um elevado grau de exigência.
Aos governantes desse espaço, onde habitam essas pessoas, será exigido graus idênticos de afectividade, de conhecimento, de responsabilidade, pois terão de dar respostas permanentes ao elevado grau de exigência da sociedade.
A indução das afectividades é assim um factor decisivo para a melhoria das condições de vivência e convivência social.
O momento mais importante da vida de um ser humano para adquirir esta afectividade é a infância. A família é a principal instituição para enraizamento das afectividades, mas a escola, em particular a instrução primária ou primeiro ciclo, também é decisiva na indução das afectividades pelos espaços onde vivemos e crescemos.
A terceira idade é a fase onde mais facilmente estamos disponíveis para expressar essa afectividade.
Desta realidade, decorre o meu segundo pequeno desafio para Almeirim.
O grau de afectividade para com a nossa cidade, está relacionado com as sensações boas, com as experiências, com o conhecimento. As boas sensações induzem a mais vivências, convivências, experiências e o conhecimento, a mais interesse e consciência social.
Há assim toda um interesse colectivo, um interesse geral, das famílias de uma cidade, em exigir da escola o fomento do conhecimento da história da cidade.
Por isso é particularmente importante que uma escola não se fixe apenas no ensino das matérias lectivas e contribua também para a inserção e confirmação das afectividades pela cidade. Fomentando actividades extra-curriculares dos alunos em cinergias com Instituições da cidade, mas sobretudo procurando mesmo dentro da formação estritamente académica a participação dos alunos em projectos identificadores da cidade e fomentadores do conhecimento da sua história, das suas gentes, das suas identidades.
Almeirim tem todo um vasto património histórico e cultural que poderia servir a esta perspectiva de ensino, que simultaneamente contribuiriam para o fomento da afectividade e da curiosidade por mais conhecimento.
Não quero substituir-me à imaginação dos professores, mas adianto alguns exemplos simples, mas muito objectivos…”Trabalhos colectivos ou de grupo, sobre a toponímia da cidade”…”identificação dos costumes e tradições”…”identificação patrimonial das épocas”…”relacionamento de factos históricos com os lugares”…”recolha de material museológico ou fotográfico das famílias, das épocas, dos costumes, das actividades”…” identificação das Instituições de Almeirim e sua história”…” os desportistas de Almeirim”…
Almeirim tem também uma Universidade da terceira idade.
As pessoas que a frequentam estão na sua fase de máxima abertura psicológica, para a expressão da sua afectividade para com a cidade. A abertura desta Instituição para ajudar a Escola nesta tarefa de fomento do conhecimento aos futuros cidadãos, seria de uma vantagem indiscutível.
Uma cinergia de actuação conjunta, entre esta Universidade da terceira idade e o ensino do 1º e 2º ciclo, vocacionada para a divulgação cultural e histórica de Almeirim, abriria novas possibilidades, estimularia novos interesses e mais motivação.
Uma das obras escolares mais interessantes e mais significativas existentes em Almeirim, é aquela Casa Térrea, que foi construída pelos alunos da Escola Febo Moniz. Uma obra que expressa bem toda a mensagem que pretendo dar.
Um pequeno desafio
A questão da legítima reivindicação pela população de Almeirim, do património da antiga Junta Nacional do Vinho, não esgota a mensagem que este blogue pretende dar.
O Desafio de Almeirim, tal como o quero enunciar, vai muito para além dessa temática.
A reivindicação daquele património, é apenas uma tentativa de não deixar perder uma oportunidade, que tal como dissemos poderia originar um elo de consciência da população almeirinense e a sua motivação colectiva.
Ninguém contesta que Almeirim é uma terra simpática, até agradável para se viver, mas está completamente descaracterizada.
A descaracterização de Almeirim é uma questão fulcral, que condicionará toda a evolução futura da nossa cidade.
Não pretendo e até recusarei, participar em qualquer polémica à volta desta evidência.
Falarei com aqueles e para aqueles, que se preocupam com este problema grave.
A descaracterização de Almeirim, tem uma origem cultural, ou seja resulta de um deficit de conhecimento histórico, social, e do desenraizamento da sua elite social e política recente.
Nada disto deve ser considerado como ofensivo para com alguém e se o for para alguém, não é certamente para aqueles que se têm empenhado e trabalhado, por quem tenho muito respeito, talvez para aqueles que mais privilegiados, não se disponibilizaram, para o trabalho colectivo.
A descaracterização de Almeirim é um problema, mas não é uma inevitabilidade que não possa ser revertida. Ou seja há muitas formas modernas para inverter esse caminho e para identificar, divulgar e valorizar as suas importantes distinções.
Até coisas simples, úteis e baratas poderiam iniciar esta recuperação.
Alguns passos positivos se deram já neste caminho…as novas rotundas onde foram colocados a Vinha e o Aranhol.
Mas muito mais ideias deste tipo, poderiam originar o reforço dos sentimentos de orgulho local e uma mais útil consciência colectiva.
Os portões de ferro ou de madeira dos pátios das Adegas e das Caldeiras de Destilação, as janelas de gradeamento tão típicas, poderiam ser elementos de referência colectiva, se integrados na arquitectura paisagística dos parques públicos de Almeirim.
Imagine-se só como tudo seria diferente na consciência colectiva, se um pórtico do Paço Real tivesse restado e se ainda hoje o pudéssemos observar.
Dentro de muito pouco tempo já não existirão os bonitos portões, nem as tais janelas e então ninguém nunca mais recordará, coisas bonitas de Almeirim. Tão pouco haverá curiosidade humana para as vivências de outras épocas.
Reconheço que há qualidade, imaginação e sensibilidade no domínio da arquitectura paisagística de Almeirim. Decorre desta apreciação, esta primeira proposta e este primeiro desafio, pois é dirigido a pessoas, que estou convencido, entendem a mensagem.
Integrar nos espaços vividos, elementos de referência de outras épocas identificados, se for feito com bom gosto e objectivos didácticos, só pode beneficiar a sua vivência e reforçará certamente os nossos sentimentos, a nossa capacidade de entendimento e também a nossa capacidade crítica. Tudo premissas essênciais do desenvolvimento.
O Desafio de Almeirim, tal como o quero enunciar, vai muito para além dessa temática.
A reivindicação daquele património, é apenas uma tentativa de não deixar perder uma oportunidade, que tal como dissemos poderia originar um elo de consciência da população almeirinense e a sua motivação colectiva.
Ninguém contesta que Almeirim é uma terra simpática, até agradável para se viver, mas está completamente descaracterizada.
A descaracterização de Almeirim é uma questão fulcral, que condicionará toda a evolução futura da nossa cidade.
Não pretendo e até recusarei, participar em qualquer polémica à volta desta evidência.
Falarei com aqueles e para aqueles, que se preocupam com este problema grave.
A descaracterização de Almeirim, tem uma origem cultural, ou seja resulta de um deficit de conhecimento histórico, social, e do desenraizamento da sua elite social e política recente.
Nada disto deve ser considerado como ofensivo para com alguém e se o for para alguém, não é certamente para aqueles que se têm empenhado e trabalhado, por quem tenho muito respeito, talvez para aqueles que mais privilegiados, não se disponibilizaram, para o trabalho colectivo.
A descaracterização de Almeirim é um problema, mas não é uma inevitabilidade que não possa ser revertida. Ou seja há muitas formas modernas para inverter esse caminho e para identificar, divulgar e valorizar as suas importantes distinções.
Até coisas simples, úteis e baratas poderiam iniciar esta recuperação.
Alguns passos positivos se deram já neste caminho…as novas rotundas onde foram colocados a Vinha e o Aranhol.
Mas muito mais ideias deste tipo, poderiam originar o reforço dos sentimentos de orgulho local e uma mais útil consciência colectiva.
Os portões de ferro ou de madeira dos pátios das Adegas e das Caldeiras de Destilação, as janelas de gradeamento tão típicas, poderiam ser elementos de referência colectiva, se integrados na arquitectura paisagística dos parques públicos de Almeirim.
Imagine-se só como tudo seria diferente na consciência colectiva, se um pórtico do Paço Real tivesse restado e se ainda hoje o pudéssemos observar.
Dentro de muito pouco tempo já não existirão os bonitos portões, nem as tais janelas e então ninguém nunca mais recordará, coisas bonitas de Almeirim. Tão pouco haverá curiosidade humana para as vivências de outras épocas.
Reconheço que há qualidade, imaginação e sensibilidade no domínio da arquitectura paisagística de Almeirim. Decorre desta apreciação, esta primeira proposta e este primeiro desafio, pois é dirigido a pessoas, que estou convencido, entendem a mensagem.
Integrar nos espaços vividos, elementos de referência de outras épocas identificados, se for feito com bom gosto e objectivos didácticos, só pode beneficiar a sua vivência e reforçará certamente os nossos sentimentos, a nossa capacidade de entendimento e também a nossa capacidade crítica. Tudo premissas essênciais do desenvolvimento.
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