A nova vocação do Paço de Almeirim – História de Almeirim (14)

Durante o período “Filipino” os nobres que em Almeirim possuíam terras e casas, pela motivação de aqui ser local de frequência da Corte, deixaram de as frequentar e cederam direitos a rendeiros ou atribuíram forais a servidores.
Degradou-se assim muito património local, por ausência de motivação para a manutenção, mas garantiu-se um mínimo de vivência social.

Foi D. Pedro II, quem voltou a frequentar o Paço Real.
Ainda como Infante e proprietário de toda a “Casa do Infantado” por mercê de seu pai que a fundou através dos bens confiscados aos nobres que foram considerados traidores por terem estado ao serviço dos Filipes.
Este Infante teve uma presença assídua no Paço de Almeirim, mas também no de Salvaterra, motivado pela sua paixão, que eram mais uma vez as Corridas de Toiros e as lides tauromáquicas.
D. Pedro, filho de D. João IV, desde muito jovem que foi um grande entusiasta das lides tauromáquicas, tendo sido toureiro a cavalo e também considerado o primeiro português a pegar os toiros pelos cornos, ou seja iniciador da tradição genuinamente nacional, do Pegador de Toiros ou Forcado, como muito mais tarde se passou a chamar.
Foi D. Pedro II, que mandou transladar o corpo do Cardeal de Almeirim, para os Jerónimos em Lisboa.
Foi ainda D. Pedro II, que através de carta aos moradores de Almeirim, dá o primeiro sinal de emancipação relativamente à propriedade real, ou seja dá a abertura para a sociabilização e dinamização económica da vila, que irá permitir a sua evolução.
Esta emancipação foi feita de acordo com algumas garantias, nomeadamente ao nível da permanência temporal e de alguns serviços, os habitantes e servidores do paço, poderiam passar a beneficiar de direitos de propriedade hereditários, na propriedade real.
Era assim, o início da possibilidade de estabelecimento em Almeirim e simultaneamente de aumento do número de seus habitantes.
Enfim de uma nova e moderna motivação para o seu crescimento, preservação e evolução.

D. Pedro II é assim o primeiro responsável pela nova imagem de Almeirim.
É a imagem que mais vulgarmente é passada…
Almeirim a “Sintra de Inverno”, onde a Casa Real passava algumas temporadas de descanso e recreio.
Infelizmente esta é a imagem mais divulgada, mais fútil e menos apreciada, que menospreza o importante protagonismo histórico e cultural de Almeirim, durante toda a dinastia de Avis.

Foi porém muito importante para Almeirim que os reis voltassem a aqui estabelecer-se e motivou muitos dos habitantes locais a aqui permanecerem.
Tudo isto é evidenciado na primeira e segunda década do século XVIII, através autorização de D. João V, de pagar a instalação de um médico e um boticário na Vila e pela instituição da feira franca de S. Roque.
Também nomeia Arquitecto e disponibiliza verbas para obras no Paço, dando assim a indicação a sua família e aos seus descendentes da vontade de continuar a manter esta nova vocação de Almeirim, ser local de estância da família real.

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