Os primeiros Emigrantes - História de Almeirim (25)



A primeira vaga de emigrantes com significado, chega a Almeirim através desta dupla motivação.
A obra do Vale do Tejo, que tinha a sua sede e coordenação na Vila, em simultâneo com a necessidade de mão de obra para a cultura da Vinha.
Acontece a partir da segunda metade dos anos cinquenta do século XIX.
Entre estes emigrantes, surgem desde logo, alguns com instrução e qualificação profissional.
O Coronel Júlio Guerra recruta para a sua equipe, pessoas que já conhecia, ou por terem feito a tropa sob as suas ordens, ou porque já haviam participado em outras do mesmo género, que ele coordenara. Uma equipe de jovens originários do Vale do Mondego ou da zona de Minde.
Nomeou como principal responsável dessa obra, um jovem, mas já experiente, que conhecia bem, chamado Manoel de Andrade. Este era natural de Paião, Concelho da Figueira da Foz e já exercia uma actividade própria como “Valador”, ou seja construtor civil de obras de hidráulica agrícola, na região do Baixo Mondego. Tinha feito a tropa integrado no Batalhão do Coronel Júlio Guerra em Coimbra.
O curso da antiga Vala (Alpiaçoulo) foi alterado e uma nova linha de água foi construída, a Vala de Alpiarça. Foram construídas três pontes e duas novas estradas. A ponte de Alpiarça, a ponte de Benfica do Ribatejo (a última a ser construída) e a nova Ponte de Almeirim (a Ponte Velha). Duas estradas passaram a ligar a Ponte de Alpiarça e a Ponte de Almeirim, directamente à Tapada, onde então já estava situado um dos estaleiros para a construção da Ponte D. Luiz I.
Com a mudança do curso da antiga Vala, fica liberto muito terreno, que passa a ser considerado público. Esses terrenos são divididos em lotes, são faixas paralelas entre a antiga linha de água e a moderna. Esses lotes, são numerados e colocados á venda em hasta pública. São vários o emigrantes, responsáveis e trabalhadores da obra, que compram esses lotes. Ainda hoje, muitas propriedades, têm o nome de registo decorrente da numeração de lote que lhe foi atribuída. Os “Vinte Cinco”, os “Catorze”, os “Dezoito”, outras já não têm essa identificação através de números, porque os seus novos proprietários, lhe deram outros nomes no acto de registo.
A década de sessenta, inicia uma mudança radical na Vila Real de Almeirim. Novas gentes e nova motivação, mais visitantes pela nova acessibilidade. Muitos dos que vieram para a obra, ao adquirirem património, consolidaram-se como vinicultores e em Almeirim passaram a viver para sempre. Outros que perante o desenvolvimento, que tudo isto proporcionava, abraçaram outros ofícios ou criaram actividades de comércio. Muitos deles, acabaram também por constituir família por casamento, ligando-se às famílias locais.
Nessa época com a Vala Nova, também se instalam junto a ela, alguns pescadores “Avieiros”, que construíram pequena aldeias “palafíticas”, sobretudo entre Almeirim e Benfica do Ribatejo. Eram eles, que forneciam peixe fresco ao mercado de Almeirim. Também destes há muitos descendentes em Almeirim.
São estes novos emigrantes chegados a Almeirim desde a década de sessenta do século XIX, que irão estar na base de toda a evolução da Vila Real, para a Vila Vitivinícola e de toda a incrível evolução e desenvolvimento, que protagonizaram.
A Vinha foi a motivação. Almeirim crescia e desenvolvia-se, sustentada numa corrida á oportunidade de riqueza que o Vinho e a Aguardente, proporcionava.
Fazer um trabalho consistente de busca e pesquisa dos nomes, das suas origens das suas raízes, da sua obra e actividades, da sua ascendência e descendência, é um dos primeiros objectivos do projecto a que chamamos “Plataforma de Almeirim”. Será pois um contributo, a que todos podem dar a sua colaboração, através da sua informação familiar, que contribuirá em muito para motivar o “orgulho de ser almeirinense” e para a recuperação da nossa memória colectiva. Será um projecto de todas as famílias e de toda a sociedade civil de Almeirim. Um projecto histórico e cultural que permitirá uma nova “identificação” de cada um de nós, e uma reforçada ligação afectiva à nossa terra.

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