Novamente o “Espírito de Almeirim” – Invasões Francesas – História de Almeirim (18)

A Revolução Francesa, o Império Napoleónico e as Invasões Francesas, irão influenciar toda a política nacional e provocar grandes alterações sociais e económicas que se exprimirão em Portugal através da Revolução Liberal e da Guerra Civil.
Almeirim foi palco de um notável e importantíssimo episódio que foi decisivo para a preservação de Portugal como Reino, durante a 3ª Invasão comandada pelo General Massena.
Massena e suas tropas chegaram até Santarém e aí estacionaram, com o objectivo de cercar Lisboa e conseguir vencer Beresford. Para tal definiam como estratégia essencial atravessar o Tejo para cercar a capital também pela margem sul. O Comandante da Legião Portuguesa ao serviço de Napoleão era D. Pedro de Almeida e Portugal, o 3º Marquês da Alorna e por conseguinte um almeirinense.
A população de Santarém foge com a chegada de Massena e pelo porto de Alfange atravessa o Tejo e refugia-se em Almeirim e Alpiarça, onde é muito bem acolhida.
As tropas Luso-Britanicas, mais propriamente o Comando de cavaria 10, comandadas pelo Visconde de Barbacena, acampam no campo de Almeirim para evitarem a travessia de Massena e da Legião Portuguesa. Como curiosidade refira-se que integrava esse corpo de cavalaria o jovem Alferes Bernardo de Sá Nogueira, futuro Marquês de Sá da Bandeira. Durante essa estadia fazem os franceses diversas tentativas de atravessar o Tejo, sempre infrutíferas pois são sistematicamente derrotadas pela acção deste exercito que teve sempre o apoio da população de Almeirim e Alpiarça. Este apoio não foi apenas logístico mas também de participação directa em todas as lutas e escaramuças que se sucederam, durante um largo período de tempo. Esta população heroica , tinha ainda presente o tão nobre Espírito de Almeirim e contribuiu decisivamente para a derrota da ultima tentativa de Napoleão Bonaparte de conquistar o Reino de Portugal.
Como consequência directa da participação do 3º Marquês da Alorna ao lado de Napoleão, o Príncipe Herdeiro D. João, futuro Rei, confisca todos os seus bens e declara a sua condenação à morte. D. Pedro de Almeida Portugal acaba por vir a morrer na campanha da Russia, ainda ao serviço do Imperador. Uma parte da Quinta da Alorna ( o Mouchão de Alfange) é destacada e entregue como mercê ao Barão de Alvaiázere. Uma parte de um destacamento da Coutada Real, na zona de Alpiarça, é entregue como mercê a João de Sousa Falcão, que recebe em 1814, também o título de Visconde de Alpiarça. A partir de então a família Sousa Falcão passa a ser a família dominante da então aldeia de Alpiarça, que só posteriormente através da reforma administrativa de Passos Manuel, passou a integrar o Concelho de Almeirim.
O importante agora é registar que esta estadia das tropas Luso-Britanicas nos campos de Almeirim, criaram em vários dos militares aqui estacionados laços com os locais e alguns deles passaram vieram a adquirir património no local, nomeadamente o Marquês de Sá da Bandeira.
A estrutura fundiária de Almeirim foi mantida com grandes domínios territoriais, mantendo-se os anteriores e agora com outros que passarão também a integrar a classe dominante.

1 comentário:

  1. Caro Zé
    Muito obrigado pela lição de História de Almeirim. Bom trabalho! Um grande abraço

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